Notícia

Casamentos homossexuais:

Opus gay e Bloco de Esquerda contrariam Partido Popular Monárquico

A representante da Distrital de Braga do Bloco de Esquerda, Paula Nogueira, acusou o deputado do Partido Popular Monárquico (PPM), Nuno da Câmara Pereira, de revelar uma atitude “intelectualmente desonesta” face aos casamentos homossexuais, no passado dia 1 de Abril, numa conferência na Universidade do Minho. Para Nuno da Câmara Pereira, o casamento é um acto que apenas deve ser consumado “entre um homem e uma mulher” e que a complementaridade entre eles é justificada pela “fecundidade física e psicológica” de ambos. A “perspectiva biologista” do deputado do PPM, na opinião de Paula Nogueira, fazem parte de uma “mentalidade do século dezoito” que não evoluiu. "Muitas vezes, a lei é aquilo que falta para mudar mentalidades”, completou o fundador da Opus Gay, António Serzedelo. Porque "as palavras também discriminam, [nós] lutamos pela palavra casamento!" refere António Serzedelo apontando para a discriminação do uso de outras terminologias, à semelhança do "contubérnio no tempo dos escravos." A legalização do casamento homossexual, para o fundador da Opus Gay trata-se de uma igualdade de direitos prevista no artigo 13º da Constituição Portuguesa, e é uma questão de liberdade civil havendo pessoas “que querem estar em união de facto” e outras “que querem estar em casamento”, o que constitui “duas realidades diferentes”.
Mas para Nuno da Câmara Pereira e o representante do PPM de Braga, Manuel Beninger, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo põe em causa o agregado familiar: “A família, em crise neste momento, só pode ser resolvida entre a comunhão de dois seres naturalmente diferentes”, argumentou Nuno da Câmara Pereira ao servir-se da leitura de um documento, o “Manifesto das famílias portuguesas”. Os modelos “heterossexistas” da família, diz Paula Nogueira, têm sido contrariados em estudos norte-americanos, revelando que
os papéis de mãe e de pai estão, hoje, "completamente invertidos". "Somos uma sociedade culturalmente modelável" e
"o importante é que esses papéis sejam feitos com amor e dedicação, não importando se é homem ou mulher", contra-argumentou a bloquista na conferência “Casamentos homossexuais”, organizada pela ELSA (European Law Students Association).

Casamentos homossexuais | Universidade do Minho | Instituto de Ciências Socias | Ciências da Comunicação | Braga, 2009